quinta-feira, 26 de junho de 2008

"AfTeR SiLeNcE" -Por Káthia Priscila


Perguntaram-me se o céu se veste de vermelho quando os anjos abrem as asas, para salvar de si mesmos os humanos e depois se escondem, feridos, no véu puro das noites, fantasiados de Aurora boreal. Honestamente não sei a resposta, contudo, o anjo que veio a mim está manhã não sangrou, não chorou e nem orou. Não veio me salvar, nem alertar. Veio sussurrar em meu ouvido histórias antigas que escrevi em linhas fugazes e que o tempo tratou de apagar, em outras vidas escritas, em outras voltas dos ponteiros da eternidade vividas. Ele veio plantar a semente da dúvida em minha mente e a loucura em meu coração e não fugiu em busca de purificação nos céus, mas ficou por perto, suspeito que na sombra que carrego ao caminhar e nos sonhos que tenho ao deitar. E agora tento em vão, lembrar-me do que não está registrado em minha memória carnal, esta tão corrompida pelos conceitos sociais e morais que cerceiam minha vã existência.
O que fazer? Pedir ajuda ao meu anjo de asas soturnas, implorar que me guarde das mentiras e das ilusões advindas da dúvida? Orar com a pouca fé que tenho em busca de respostas? Lembro-me de um pensamento de Tostói, este escrito em linhas infinitas, que talvez por serem mais desgraçadas que as minhas foram escolhidas para não morrerem como as mãos que as escreveram, ele disse: “Ao em vez de razão, riquezas, tempo e fé me dê à verdade, isto por si só me basta.” E depois desta intelectual lembrança, vejo com clareza, que os anjos são tão divinos como nós somos. Estão perdidos em solidão e limitações. Pois são seres humanos dotados de divindade e asas, mas não possuem mais a maior bênção dada a uma criatura. O livre arbítrio, o ciclo existencial de vida e morte, o certo e o errado e os caminhos que temos a nossa disposição. E agora tenho motivos para olhar para a minha “SOMBRA” e mergulhar em meus sonhos dizendo: ‘ Anjo caído obrigada por me conceder a dúvida, pois sem ela, sem o questionar, eu não teria motivação para abrir os olhos e enxergar que tenho em poder da minha alma o livro da vida e que se capaz eu for de ler minha memória espiritual, a verdade, a doce verdade virá para me libertar e curar. Obrigada e siga em frente, talvez encontre motivos para voar para muito além do céu e para cair muito mais fundo do que limita o inferno, contudo o aconselho, caminhe mais sobre a terra.’
Heresia? Você me pergunta. Não! É minha humanidade, demasiada humana, que compõem estes versos de outrora.
E os anjos? Eles não entendem o que é respirar com a carne para vivificar a alma. Estão em transição e desejo sinceramente que encontrem o que buscam.
E nós? Temos asas meus amigos e estas quando abertas ofuscam como o amanhecer.
E as cores afinal de contas, Deus as usa com algum propósito real? Com certeza. Mais Isto já não cabe as nossas mentes de criança saber, então admiremos, com a inocência infantil que temos por natureza, admiremos as obras de Deus, de mãos dadas com os anjos, por que caídos ou não eles fazem parte da beleza criativa dele assim como os olhos perdidos da “infância humana”.

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